Tudo começou após ter sido confrontado por um texto de Carl Gustav Jung no qual ele afirma que somos especialistas em esconder de nós mesmos, aquilo que realmente somos. Alguns dias depois de ler este texto, pegamos estrada rumo ao interiorzão do estado de São Paulo, para curtir uns dias de descanso e tranquilidade. Levei este texto em minha mente, com o objetivo de empenhar algumas horas em um trabalho de arqueologia pessoal. O problema é que, mesmo nestes dias de descanso, fica difícil encontrar um momento para praticar este tipo de autoterapia. Tem sempre um lugar para ir ou algo a fazer. Entretanto, consegui cavar alguns minutos de ócio real nesta viagem. As perguntas incitadas por Jung eram: - Do que você é feito afinal? - Quais sentimentos preenchem seu coração, por trás de toda a teatralidade do Ego? Quem é você?
A resposta veio mais rápido do que imaginava. Sou composto por dois ingredientes básicos e positivos: Amor e Fé. Porém, há também um ingrediente ruim na composição desta massa – o medo. Este Trio – Amor, Fé e Medo – me lembrou um texto do Apóstolo Paulo, escrito aos Coríntios, no qual ele diz: “Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor." - 1 Coríntios 13:13. Com este texto me dei conta que a situação não estava tão ruim, uma vez que estão presentes, em meu ser, dois dos elementos essenciais citados na Bíblia. Porém, o que me trouxe incômodo é que, precisamente, no lugar onde deveria haver esperança, há seu oposto – o medo.
Medo de que algo ruim aconteça comigo ou com minha família. Medo de acidente, de dificuldade financeira, de morte, de vexame, de conflito, de ofender e ser ofendido, de ser incapaz, de falhar. Um medo com muitas faces, que me persegue no dia a dia e, de modo criativo, apresenta-me infinitas possibilidades de episódios ruins que podem sobrevir às pessoas que amo e a mim. Um medo patológico, encrustado em meu âmago. Com ele convivo diariamente e, assim como disse Jung, é ele que me esforço, com toda minha energia, para esconder, afinal, sou homem, macho e, por isso, preciso mostrar coragem e prontidão. Um esforço em vão.
Após este momento de autoterapia, a esperança começou a me perseguir. Em várias leituras, mensagens e conversas, a palavra esperança surgia como protagonista. Ficou claro que a esperança seria o antídoto natural, contra este medo exacerbado. A esperança tem este poder, pois ela nos capacita a ver o futuro com otimismo, o oposto do que faz o medo. Com a esperança somos capazes de prever e estimar que o amanhã será melhor do que hoje. A esperança lança fora o medo, por pintar no coração a ideia de que as expectativas são positivas e não negativas, como o medo insiste em me dizer.
Em uma das últimas perseguições da esperança, eu estava no Facebook, correndo o mural de publicações, quando li este texto do Apóstolo Paulo no post de um amigo:
“... sabemos que a tribulação produz perseverança; a perseverança, um caráter aprovado; e o caráter aprovado, esperança. E a esperança não nos decepciona, porque Deus derramou seu amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo que ele nos concedeu.” - Romanos 5:3-5
Este texto respondeu uma indagação ainda mais profunda do meu coração amedrontado: – Será que esta esperança não me decepcionará futuramente? Porém, esta esperança relatada por Paulo não é construída por um vago pensamento positivo. Ela está alicerçada nas promessas de Deus para nossa vida e na presença consoladora do Espírito Santo no dia a dia. Esta perseguição da esperança tem insistido em me dizer que posso, em Cristo, olhar o futuro com otimismo e que devo usar esta visão do futuro como antídoto contra este medo que permeia meu coração.
Agradeço a Deus por esta santa perseguição.
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