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domingo, 30 de agosto de 2015

"Alegrei-me quando me disseram: vamos à casa do Senhor" (Sl 122.1)

O salmista Davi nos fala sobre a importância da presença de Deus. Devemos lembrar que a casa do SENHOR, o tabernáculo nos tempos de Davi, era o lugar de habitação de Deus. Era para lá que o povo se dirigia para estar na presença de Deus e ver sua ação graciosa e misericordiosa através da pregação da Palavra e da entrega das ofertas para remissão dos pecados.

É claro que como Deus onipotente, o SENHOR está em todo lugar. Contudo, para o convívio do povo da aliança, Deus reservava aquele lugar como sua habitação e único meio de se ofertar e cultuá-lo. As pessoas tinham de se dirigir para lá, a fim de entregarem suas ofertas ao sumo sacerdote que, por sua vez, as levava ao santo dos santos, onde eram ofertadas a Deus.

Hoje, não temos essa mesma noção de “casa de Deus”, mas ainda temos a bênção da habitação do Senhor em nosso meio. Diferentemente do que muitos pensam, os templos erguidos como lugares de culto não são santos. Ainda que argumentemos que são no sentido de separados a Deus, isso se torna complicado, pois tudo que o Senhor santificou ele o fez por mandato. Não era o homem quem santificava as coisas a Deus, mas este é que requeria. Deste modo, nenhum templo ou lugar foi requerido, portanto, nenhum deles é santo em sentido algum. Ainda que tenhamos de manter o respeito, para que não haja confusões, isso não tem fundamento teológico, mas apenas social.

Nossos lugares de adoração são apenas prédios e pronto! Aliás, no início, a Igreja se reunia em catacumbas, como a da foto deset post, e ela não era de origem cristã, tão puco judaica, portanto, eram pagãs - o que pouco importava, pois todos estavam em Cristo. Hoje, vivemos a realidade da habitação de Deus conforme está em Hebreus 3. Nesse texto está bem clara a ideia de que nós somos a casa de Deus. Ele não habita em outro lugar, ou santifica outra coisa senão nós, seus filhos. Consagrar objetos e lugares é um retrocesso na história da redenção e demonstra completa falta de entendimento do papel de Cristo como mediador e o que está em João 4 e em Hebreus 4.12-14.

Estamos na presença de Deus não pela santidade do lugar onde pisamos, mas pela obra de Cristo. De fato, nem mesmo nossos irmãos do AT estavam na presença de Deus por causa dos lugares; antes, era pelo que esses lugares representavam: Cristo! Como ele já veio, e não precisa mais ser representado, não há porque vivermos nossa relação com Deus, “amuletados” na velha aliança, pois esta já cumpriu seu propósito.

Se Davi tinha de ir ao tabernáculo para dizer: “Alegrei-me quando me disseram: vamos à casa do SENHOR”; muito mais alegria temos nós que não precisamos sair de onde estamos. Já somos habitação de Deus. Já estamos continuamente diante de seu trono da graça, pois nosso sumo sacerdote fez uma obra tão perfeita, cujos efeitos não requerem constantes repetições.

Nossa alegria, como descreveu Pedro, é indizível, ainda mais quando olhamos para um segundo aspecto da ida do povo de Deus à sua casa: comunhão. Era casa do Senhor que todos se encontravam a fim de compartilharem da fé, das promessas, do conhecimento, da graça e da misericórdia de Deus. Contudo, a imagem desta festa era cheia de sangue. Na nossa, o sangue é substituído por um símbolo mais aprazível, que demonstra que a ira de Deus já alcançou sua satisfação.

Não temos mais a marca da ira de Deus em nossa comunhão. Cristo levou sobre si, de uma vez por todas, nossos pecados. Gozando desta paz que excede todo o entendimento, podemos dividir e entender com maior profundidade o que disse o salmista: “Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos.” (Sl 133.1) Hoje, temos o conhecimento de que estamos unidos não só pela necessidade de salvação e misericórdia, além da fé, temos o mesmo Espírito, o mesmo Deus, o mesmo Senhor e Pai que é sobre todos e age em todos; o mesmo batismo e a mesma esperança. (Ef 4.4-6)

Se nossos irmãos do passado tinham esse entendimento, ainda mais nós. Em Cristo a paternidade de Deus sobre é mais clara, pois sabemos que verdadeiramente somos adotados em Cristo. Mais do que isso, a misericórdia do Senhor é toda vislumbrada naquele que nos dá toda a esperança: nosso Senhor Jesus. O batismo aponta para essa verdade, nos dando o lembrente de que a aliança não precisa mais marcar com sangue, pois todo sangue necessário já foi vertido.

Tendo nossa comunhão baseada em toda essa obre já realizada, percebemos o quão profunda ela é. A alegria não seria apenas – o que já seria infinitamente desejável – pela comunhão com Deus, mas pela profunda comunhão que temos como irmãos. Verdadeiramente é bom e agradável viverem unidos os irmãos, pois nossa ligação é firmada em tudo isso que nos é revelado em Efésios 4.

Nem mesmo nosso pecado, que por vezes nos levam à animosidades, pode quebrar laços tão profundos. Assim como o que uniu o Israel do AT foi a vontade, obra e a fé dadas por Deus, o que une o Israel do NT, a igreja, a noiva de Cristo, seu corpo, são fundamentos que em nada dependem de nós: fé, batismo, Espírito, Pai, Filho e esperança.

Por mais imperfeita que seja nossa convivência, podemos dizer que é bom e agradável estarmos unidos. Como casa de Deus que somos, vemos as maravilhas que o Morador da casa realiza por meio de seu Filho.

Se Davi pode se alegrar, muito mais nós. Se ele pode entender e perceber os benefícios de tudo isso, muito mais nós podemos. Alegre-se! O Senhor habita em seu povo. Alegre-se! Somos unidos por sua obra, não por nossas capacidades e vontade.

Soli Deo Gloria. Solo Cristo. Sola Fide.
Postado por Ricardo Moura Lopes Coelho às
 
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